Wednesday, January 18, 2006

Palavras

Palavras. Só palavras.
Para quê Falar?
Palavras bastam.

Eu

Friday, January 13, 2006

Desespero

Deixa-me contar-te sobre o que não sabes,
De mim.
Sobre esta sensação sufocante
De viver num mundo que não entendo,
A que não pertenço.
Deixa-me falar-te sobre o pavor que sinto
Quando penso que nesta selva absurda
Tudo é possível.
Tudo é permitido.
Sobre a vontade que tenho de fugir,
(quando perplexa olho em volta),
Sem saber para onde.
Sem encontrar saída.
Sobre a dor que me queima as entranhas,
Porque o medo deste mundo é superior,
Cresce dia a dia.
Ajuda-me!
Diz que entendes,
Que tenho razão,
Que não devia ser assim.
Eu quero acreditar que contigo é diferente.
Que ainda há quem,
Acima da competividade, da "modernidade"
Põe a ternura, a frontalidade, o amor.
Para continuar a viver,
Preciso de acreditar!
Preciso da àgua límpida e fresca
Da perspectiva de um Mundo diferente.


Eu

Monday, January 09, 2006

Eleições

Através de um blog contactei com alguém do Chile. Santiago do Chile.
Por causa desse contacto dei opinião sobre as eleições presidenciais, que estão agora na 2ª volta (no Chile).
Não tinha que dar opinião. Mas ao lêr o que estava escrito não consegui deixar de lembrar-me da morte de Salvador Allende, mas principalmente do golpe de Pinochet, apoiado pelos americanos, e de toda a gente que foi, por ele, mandada assassinar.
E por isso opinei.
Mas aqui, neste país, em que quase há tantos anos como os que tem a data do derrube da democracia no Chile, o 25 de Abril aconteceu, também vai haver eleições presidênciais e eu não manifestei frontalmente minha intenção de voto.
Aqui, em Portugal, eu vou votar em Jerónimo de Sousa.

Porquê? Porque estou farta de conversa fiada, estou farta de fazer de conta, estou farta de falsas modernidades, farta de falsos moralismos.

Porque ainda acredito que o futuro é possível...

Tuesday, January 03, 2006

O Menino da sua Mãe

Por vezes quando vejo imagens de guerra na televisão lembro-me deste poema de Fernando Pessoa:

O Menino da sua Mãe

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
(duas de lado a lado),
Jaz morto e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, loiro, exangue,
Fita, com olhar langue
E cego, os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira...
Ele é que já não serve!

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo:
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o truxera ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
- Malhas que o Império tece!
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe.

Fernando Pessoa "Obras Completas"